A jornalista Ana Carmen divulgou em seu blogue algumas impressões sobre uma pesquisa acerca do mercado de trabalho dos profissionais de mídia nos Estados Unidos. O estudo The State of the News Media 2009 é realizado há mais de 5 anos ligado ao Pew Research Center. Em 2008, mesmo com as eleições, um de cada cinco jornalistas estadunidenses perdeu o emprego.
Ana Carmen entende que os dados sobre o país norte-americano servem como termômetro para as tendências pelo resto do mundo. A migração do mercado impresso para internet continua em alta. No Brasil, o Estado de S.Paulo divulgou hoje expectativa de crescimento na publicidade na internet, que já bate 4,2% do total investido em todo o país.
Aproveitando a pauta da consulta pública aberta pelo MEC sobre as diretrizes curriculares para o curso de Jornalismo nas escolas de comunicação, em algumas pesquisas nos históricos de encontros da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação percebi que a preocupação antes era relacionada a infra-estrutura para caminhar rumo à tecnização do ensino. De alguns anos para cá, a luta passou a ser pela defesa de disciplinas socais e humanas na grade.
No tempo em que estive estudante na Universidade Católica de Santos, a direção da faculdade tentou ao menos uma vez promover uma reforma nos cursos que prejudicava em mais da metade das horas disciplinas como Sociologia, Antropologia, Ciências Políticas, Psicologia, Cultura Brasileira e Língua Portuguesa. Muitos mestres se mobilizaram com o diretório acadêmico em articulações de bastidores e as propostas acabaram engavetadas.
Além da necessidade de trabalhar tecnicamente a tal convergência digital, conforme coloquei em post anterior, é preciso estabelecer o debate conceitual e a reflexão de políticas públicas para o setor aliado à defesa das disciplinas teóricas. Mais que isso, a academia de comunicação precisa recuperar sua função em relação à sociedade, desamarrando-se dos padrões e regras do mercado de comunicação de massa.
Não tenho dúvidas de que o atual cenário das tecnologias da comunicação e da informação carece de um novo tipo de profissional que precisa lidar com o acúmulo de funções, mas, acima de tudo, tem a oportunidade de inventar novas propostas de diálogo e de negócios. Se as escolas de jornalsmo entendem que esse profissional será formado em suas faculdades, a academia precisa se transformar, e muito.