Divergências, drogas e mídia livre
Carlos Gustavo Yoda Filed Under: Marcadores: banda larga, Fórum de Mídias Livres, O Teatro Mágico, TV CulturaNa coluna Caderno2.0 desta semana, algumas observações sobre as reviravoltas na TV Cultura em São Paulo, a banda que não se alarga no interior do país, campanha de combate ao consumo do crack e a música independente que chega a novela das oito.
Tudo que é sólido pode derreter
A Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura de São Paulo, passará por eleição da diretoria neste mês de maio e as especulações sobre o novo presidente geraram alguns conflitos nas últimas semanas. O atual presidente, Paulo Markun, caminhava para a reeleição com o apoio do governo paulista. O secretário de Estado da Cultura, João Sayad, no entanto, anunciou na última semana que é candidato ao cargo.
Dança das cadeiras
A notícia veio através da Folha de S.Paulo e pegou o atual presidente de surpresa. Conforme o jornal, divergências entre Sayad e Markun foram expostas em fevereiro, quando Markun apresentou propostas para a reformulação do jornalismo na emissora. Markun criticava a falta de estrutura das equipes em Brasília, por exemplo. Para Sayad, a situação não deve ser restritiva: "Devem servir como ponto de partida". Quem deve assumir o lugar de Sayad na Secretaria, segundo a Folha, é Carlos Vogt, que já foi secretário na gestão de Serra no Palácio dos Bandeirantes.
Alargar a banda
O debate sobre o Plano Nacional de Banda Larga está servindo para desmascarar os papéis decada setor da sociedade interessado. Reportagem de Miriam Aquino para a Tele Síntese trouxe depoimento do presidente da NET, José Antônio Félix, sobre o assunto. O presidente da Net afirmou que a empresa "não vai levar banda larga para o interior da Amazônia". Segundo ele, há um importante número de cidades brasileiras onde não existe viabilidade econômica para grandes grupos atuarem, visto que eles carregam custos mais altos.
Para a banda andar
Aviso ao senhor Félix que não precisa ir até o extremo norte do país para conhecer o descaso dos prestadores do serviço. Onde moro, nem 15% da cidade recebe cobertura de sua empresa. É urgente a intervenção do estado e o entendimento da prestação de serviço como de interesse público e direito universal.
"Crack Nem Pensar"
O grupo RBS, afiliado à Rede Globo no sul do país, lançou uma campanha de combate ao consumo de crack, visando sensibilizar os usuários da droga. A campanha vai na contramão do debate sobre a dependência química. Ao trazer como slogan "Crack Nem Pensar", a RBS colabora alimenta o silêncio, o medo de falar do assunto, a desinformação.
Pensando no assunto
E a cultura com isso? Se a droga é tão ruim, é preciso oferecer alternativas aos jovens e isso envolve mais investimentos em educação, projetos culturais e atividades esportivas. Essas coisas que todos sabemos, ouvimos em todas as eleições e que pouco, ou nada, avançam. No blog de Arthur Golgo Lucas, você fica sabendo outros erros cometidos na campanha. Segundo ele, este tipo de ação só tende a aumentar o consumo, como aconteceu no Rio de Janeiro.
Quem pauta quem?
A paticipação d'O Teatro Mágico na novela das oito na Rede Globo rendeu muita conversa na última semana. O grupo engajado em debates pela democratização das comunicações foi alvo de duras críticas. O coordenador geral da companhia e sociólogo, Gustavo Anitelli, rebate: Nunca dependemos da grande mídia para construir nosso trabalho, nunca nos vendemos e nem fomos pautados pelos meios de comunicação, nós é que os pautamos".
Ocupar espaços
Membro do movimento Música Para Baixar (MPB) e do Fórum de Mídia Livre, Gustavo Anitelli lembrou bem no saite do grupo o papel dos radidifusores. "A TV é uma concessão pública, brigamos para democratizá-la, exigimos que enxerguem a nossa força, e quando somos convidados a mostrar nosso trabalho de forma honesta e digna, seria uma contradição não ocupar tal espaço", concluiu o sociólogo.
Alternativas para a comunicação
A fim de continuar as articulações iniciadas para a primeira Confecom, empresários descontentes com as políticas de comunicação criaram a Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação - Altercom. Editoras, produtoras audiovisuais, emissoras de rádio, revistas, jornais, agências de comunicação que não se sentem representados pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) ou na Associação Nacional de Jornais (ANJ) agora têm a oportunidade de reivindicar seus espaços e lisura nos processos de aprovação e renovação de concessões públicas de radiodifusão e telecomunicações, além de mais transparências nos gastos das esferas do poder público nos municípios, estados e da União. Cultura e Mercado faz parte deste movimento.
Liberdade de acesso
Dia 3 de maio é comemorado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. A Unesco e a ong Artigo 19 aproveitam a data para intensificar a campanha pela aprovação da Lei Geral de Acesso à Informação (PL 5228/2009) que tramita no Senado. Dentro dessa programação, na terça-feira, dia 4 de maio, o representante da UNESCO no Brasil, Vincent Defourny, vai expor a visão da organização sobre o direito à informação na 12ª reunião do Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção, vinculado à Controladoria-Geral da União.