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Impasse no Le Monde Diplomatique Brasil

Carlos Gustavo Yoda Filed Under:
A Rede Social do Le Monde Diplomatique Brasil, parte da estratégia do Pontão de Cultura articulado pelo Instituto Paulo Freire seria lançada amanhã, dia 1º de abril, mas a organização cancelou o projeto e dispensou toda a redação do jornal. Carolina Gutierrez relatou alguns acontecimentos na semana passada na rede 100canais. Abaixo, republico carta de Antonio Martins sobre os próximos passos do time.
 
Amig@s da Rede Social Le Monde Diplomatique:

Grácias, mais uma vez, pelas manifestações de carinho com a redação afastada do jornal e pelos pedidos de desbloqueio da rede social que montamos em http://diplonarede.ning.com. Depois de uma semana tumultuada, temos um par de boas novidades.

Primeira.
A rede social alternativa Outras Palavras, criada em http://outraspalavras.ning.com por Carolina Gutierrez foi retrabalhada ontem, graças ao apoio voluntário da desenvolvedora Lígia Giatti. Sua estrutura assemelha-se à anterior. Deixamos, apenas, de recriar os Grupos -- algo que queremos fazer de forma mais participativa, como se verá a seguir. A reconstituição rápida tem um sentido simbólico importante. Ela mostra as possibilidades de usar a tecnologia para vencer controles, na era da Comunicação Compartilhada. Porém, continuamos reivindicando a liberação da rede anterior, que foi construída com recursos públicos e reúne textos, vídeos, áudios e fotos postados por dezenas de nós.

Segunda. Célio Turino, secretário de Programas e Projetos Culturais do MinC, falou ontem com Paulo Padilha (IPF) e comigo, por telefone. Está empenhado em buscar uma solução para o impasse e propôs, como primeira medida, um reinício do diálogo. Respondi que a Redação está inteiramente disposta. Não temos interesse em abrir uma disputa prolongada com o IPF. Reagimos porque não aceitamos a apropriação de uma história de dez anos, e do trabalho que resultou na criação da Rede Social. Conforme ressaltamos desde nossa primeira mensagem, há várias fórmulas alternativas para superar o conflito.

A partir destes primeiros fatos positivos, queremos propor, a quem tiver alguma disponibilidade, um esforço coletivo, até o fim-de-semana. Queremos as sugestões, críticas e aportes de vocês para melhorar, em qualquer de seus aspectos, a Rede montada nos últimos dias. No tópico "Nossos espaços de compartilhamento", abaixo, explicamos em detalhes o desafio que nos mobiliza mais intensamente, neste trabalho.

No sábado e domingo (nos próximos dias, estaremos na lida para batalhar uns trocados), incorporaremos à ferramenta as sugestões recebidas. Quem estiver interessadom poderá participar deste processo (via net ou presencialmente, em São Paulo). Será uma oportunidade para conhecer e trocar idéis sobre o Ning, uma ferramenta importante na criação de Redes Sociais (veja também o tópico "Por que estamos usamos o Ning").

Continuamos à disposição para qualquer esclarecimento: por net, em nossos telefones ou ao vivo. Um dos aspectos positivos da crise tem sido a possibilidade de dialogarmos mais, também por meios não-eletrônicos. Desprezamos os usos da tecnologia que reforçam o poder. Mas queremos todas as máquinas e técnicas que ampliem e horizontalizem as relações humanas.


Abraço forte
Antonio (com Carolina e Marília)


Nossos espaços de compartilhamento

Desde 19 de janeiro, quando nos lançamos à construção da Rede Social prevista no projeto de Pontão de Cultura do Le Monde Diplomatique, uma pergunta nos atiça em particular. Como criar, no sistema, espaços que facilitem ao máximo a troca livre de conteúdos e o debate de idéias -- no interior da rede dos Pontos de Cultura e entre nós e um público mais amplo?

Na ferramenta que estamos utilizando, o instrumento mais potente para tanto são os "Grupos". Correspondem, grosso modo, às "Comunidades" do Orkut ou Facebook. Lá é possível participar de fóruns ou criá-los; postar textos, vídeos, áudios e fotos; importar conteúdo de outros sites via RSS; trocar mensagens pessoais entre os membros. Além disso, os "Grupos" podem ser criados livremente, por qualquer participante da Rede.

Ao montarmos, em janeiro, a Rede Social agora bloqueada, procuramos criar Grupos que sinalizassem, aos participantes, as possibilidades abertas pelo sistema. Eram de três tipos:

a) Compartilhamento de Conteúdo:
Espaços para troca livre de produção midiática, na base do copyleft. Havia, experimentalmente, grupos para Rádios Livres, Griôs, Documentários. Um Ponto de Cultura que mantivesse uma rádio poderia, por exemplo, enriquecê-la com material de outros Pontos; e, ao mesmo tempo, difundir muito mais amplamente seus próprios conteúdos.

b) Debate de Idéias:
Em "Alternativas à Lei Rounaet", "Propriedade ou Direitos Autorais?" e "Crise e Oportunidade", queríamos criar canais para que os Pontos debatessem, entre si e com a sociedade, temas relevantes da conjuntura nacional e internacional. Este diálogo poderia ser enriquecido pela possibilidade de postar artigos de referência, notícias, material multimídia

c) Serviço:
Uma "Agenda", permitiria, aos Pontos e os demais participantes da Rede, construir, por colaboração, um amplo calendário de eventos culturais, sociais e políticos. No "Jornal dos Editais" seria possível compartilhar informações importantíssimas para os que, como nós, reivindicamos recursos públicos para Cultura e Comunicação.

Ao construir a nova ferramenta, optamos por não recriar os Grupos. Queremos discutir com vocês se devemos reintroduzir os anteriores; se é melhor montarmos outros; ou se optamos por não abrir previamente nenhum grupo, e deixar que o conjunto dos usuários o faça, pouco a pouco.


Por que estamos usando o Ning

Desde sua criação, em dezembro de 1999, o site de Le Monde Diplomatique é alimentado por software livre. No início, trabalhávamos com html puro. Em 2005, migramos para o Spip, uma ferramenta traduzida em dezenas de idiomas e utilizada em milhares de sites em todo o mundo. Fomos pioneiros e ajudamos a difundi-lo no Brasil. Nossa política é usar, sempre que possível, programas 100% abertos.

Não nos recusamos, porém, a empregar ferramentas que multiplicam a comunicação horizontal, e empoderam os usuários, mesmo quando parte de seu código é fechado. É o caso do Ning. Desenvolvido pelos criadores do Netscape (o primeiro grande programa de rede a desafiar a Microsoft), ele tem algumas vantagens cruciais. Torna a criação de uma Rede Social quase tão simples, tecnicamente, quanto a de um Blog (permitindo que nosso esforço se concentre na Comunicação, não no desenvolvimento da ferramenta).  Pode ser montado e alterado autonomamente por qualquer pessoa com conhecimento básico de internet. Assim como os blogs, está disponível na rede: não precisa ser instalado e administrado num servidor, algo que muitas vezes requer dinheiro e conhecimento técnico.

Estas particularidades estão tornando a plataforma muito popular. Ela é utilizada por 700 mil comunidades: tanto  grupos totalmente não-techie (veja, por exemplo, Louco por ti Corinthians, habitada por 70 mil pessoas) quanto inúmeras redes de desenvolvedores de software livre (veja um índice), além de movimentos sociais e organizações da sociedade civil. O Ning foi, também, a base da rede montada para a cobertura compartilhada da Teia 2007 e alimenta o 100 Canais, o Portal do Autor e a Rede Social do Blog Luís Nassif, entre muitas outras iniciativas ligadas à Cultura e Comunicação.

Alternativas em software livre estão surgindo aos poucos. Entre outras, há o Elgg, razoavelmente desenvolvido e o Noosfero, mais rudimentar. Nossa intenção é que as decisões, tempos e ritmos sobre um possível processo de migação sejam debatidas e adotadas em conjunto com os Pontos de Cultura participantes da rede.

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