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Notas sobre a quarta revolução industrial

Carlos Gustavo Yoda Filed Under: Marcadores: , , , , , , , ,

O mercado fonográfico há tempos não é o mesmo. Não é novidade a apropriação social das tecnologias de acesso, produção e difusão da música. De fato os artistas conseguiram eliminar tantos intermediários dos processo. A cadeia produtiva, até então dominada por poucas e grandes gravadoras, sustentava-se na lógica de emplacar sucessos a partir da difusão em massa nas rádios e na televisão.

O pouco espaço para muitos artistas, baseado em uma lógica de controle em rede de empresários de mídia nacionais e internacionais distribuídos a partir das capitais urbanas, representava sucesso garantido e o estrangulamento da criatividade regional brasileira.

A internet ainda não deu conta desses gargalos da comunicação de massa, eles só podem ser alargados a partir de políticas públicas. Mas as revoluções do mercado também devem ser alvo de observação atenciosa.

Alguma coisa aconteceu quando Joelma e Chimbinha participaram pela primeira vez de um Domingão do Faustão. A Banda Calypso é fenômeno de um mercado que cresceu marginalizado. Oona Castro, da FGV e do Intervozes, mostrou em sua pesquisa como um mercado pautado na informalidade consegue lançar por ano em uma única cidade, Belém do Pará, mais de 400 cedês, enquanto a Sony-BMG, que detinha na época 40% dos lançamentos das maiores gravadoras, não produzia nem vinte.

O mercado absorve as transformações rapidamente. Uma cópia do último trabalho do Calypso continua R$ 9,90, mas agora ele é comercializado pela Som Livre.

Entre essas transformações, uma cena na tarde de sábado de ontem na Rede Globo me chocou bastante. Ainda não consegui interpretar o que aconteceu direito, mas escrevo no exercício de levantar algumas questões sobre a participação de Stefhany no programa Caldeirão do Huck. Eu, assim como milhões de brasileiros, ainda não conhecia a garota que tinha um vídeo clipe muito visitado na internet sobre um cross fox amarelo.

Mais impressionante é que o sucesso é uma versão não autorizada, leia-se plágio. E não é que Luciano Huck lançou uma campanha para que a cantora Vanessa Carlton libere os direitos autorais para a versão? Pois tinha camiseta e tudo.

Qual foi o acordo comercial feito entre a VolksWagen e Luciano Huck? As informações sobre o que movimentam de propagandas das TVs e rádios não deveriam ser públicos, já que são concessões públicas? O chamado merchandising não fere a regulamentação para os meios de radiodifusão em seu limite de ocupação de espaços publicitários e em não diferenciar para o comunicado que aquilo é uma propaganda? O que pensam os compositores e arranjadores? E os jornalistas ou os cozinheiros?

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1 Response to "Notas sobre a quarta revolução industrial"

  1. Bruna Leite disse:
  2. como sempre: excelente texto. abordou tantos pontos que faz minha cabeça borbulhar.

    aprendo cada dia um pouco. vivência boa essa.